Embaixador da Inspirali destaca medidas para evitar problemas mais sérios na volta para a casa
Além dos prejuízos materiais trazidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a preocupação é também com a saúde das pessoas. Água contaminada, lama, lixo nas ruas, confinamento, aglomeração e a chegada do frio potencializam a propagação de vírus e bactérias.
Segundo o Dr. Evaldo Stanislau, embaixador nas áreas de imunologia, infectologia, OneHealth e Medicina de precisão da Inspirali, avaliar a saúde anterior das pessoas é uma das principais formas de triagem. “É importante verificar se são pessoas que tinham acesso ao saneamento e vacinas. Quanto melhores esses indicadores, menores impactos terão na saúde. Porém, a leptospirose é uma doença sob a qual não temos muito como interferir. Numa situação catastrófica como esta, as águas são veículos ideais para a bactéria que causa a doença e aí, mesmo com uma condição de saúde boa, a pessoa está vulnerável”, esclarece.
Consequências para o organismo
Para o Dr. Evaldo, a tragédia pode trazer consequências para o organismo e algumas medidas precisam ser tomadas para evitar problemas ainda mais sérios nesse momento de volta para casa. “Usar botas e luvas de proteção ao manusear entulhos que restaram após as inundações são algumas das precauções. Ao retornar para casa, as pessoas vão encontrar muita lama, muito entulho, muito material contaminado potencialmente com urina de rato e outros animais e, nesse sentido, precisam desta proteção, se possível até utilizando roupas impermeáveis. O ideal é fazer de tudo para não ter contato com a água propriamente dita de enchente ou residual sem este tipo de proteção”, alerta o especialista.
A importância da proteção
Porém, sabemos que muitas pessoas já se expuseram sem proteção naquele primeiro momento. Para estes, Dr. Evaldo destaca que é primordial ficarem atentas para o aparecimento de sintomas, pois quanto mais precoce qualquer tipo de diagnóstico, sempre maior a chance de ter sucesso terapêutico. “Os sintomas iniciais da leptospirose, por exemplo, são inespecíficos e confundem-se com muitas outras doenças. Então, em casos de mal-estar, dores musculares e febre, sempre recomenda-se procurar orientação médica para que a equipe de saúde possa avaliar e saber se é leptospirose ou outra doença”, aconselha.
Primeira fase
O médico esclarece que a primeira fase de acidentes, afogamentos e traumas já foi, em tese, superada no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o importante agora é ficar atento às doenças crônicas não transmissíveis e às infecciosas. “Muita gente saiu de casa deixando para traz o seu remédio de pressão, de coração, diabetes. Essas pessoas, somado ao estresse que estão passando, precisam procurar orientação médica e retomar seu acompanhamento para evitar complicações destas doenças”. Dr Evaldo explica que entre as doenças infecciosas, temos aquelas de transmissão por água, principalmente a hepatite A, doenças diarreicas e e leptospirose, e entre as doenças transmissíveis pela via aérea destaca a influenza (a gripe), covid, meningite e sarampo, para as populações não vacinadas. “Está esfriando e houve um grande confinamento e aglomeração de pessoas, então é preciso ficar atento com todas as doenças transmissíveis pela via aérea”, informa. “Além disso, infecções de pele também podem ocorrer como escabiose, dermatofitoses, entre outros”, complementa.
Para finalizar, Dr. Evaldo dá um alerta de cuidado especial que se deve ter para a saúde mental. “Essas pessoas passaram por um estresse muito grande, perderam suas casas, suas conquistas, muitas vezes até parentes. É um estresse muito grande e muitas pessoas vão precisar de atendimento por quadro de estresse pós-traumático, depressão ou ansiedade”, finaliza.