Já pensou em ter que dar o seu filho recém-nascido por saber que, com você, ele não teria chance de sobreviver? É algo que parece muito cruel, mas faz p arte da realidade de muitas mães no Benin, quinto país mais pobre do Continente Africano. Essa foi uma das histórias fortes trazidas pelos integrantes da Missão África, da Inspirali. O projeto foi tema do podcast Latitude, que contou com a participação de dois entrevistados da instituição, o professor Dr. Rodrigo Dias Nunes, diretor médico da regional Sul da Inspirali e o cirurgião pediátrico Dr. José Lúcio Martins Machado, CMO da Inspirali.
A impossibilidade de um futuro melhor
No teaser do programa, um dos convidados, o professor Dr. Rodrigo Dias Nunes, diretor médico da regional Sul da Inspirali, revelou o contexto africano, observando que, em Benin, eles têm a consciência da impossibilidade de vislumbrar um futuro melhor. “Isso é muito triste. É uma das coisas que mais nos marca”, salientou o Dr. Nunes, coordenador e um dos idealizadores da Missão África.
“Ao pegarmos um bebê no colo para fazer um exame, quando íamos devolver para a mãe, ela falava: Não devolve, fica com ele, leva para o Brasil, aqui ele não tem chance”, recordou Dr. Nunes, ginecologista e obstetra. “Eu lembro a primeira vez que eu fui à Benin, atendi uma paciente com infecção dos rins (…). Ela tinha ganho o bebê há sete dias. Mas o bebê estava em um canto, deitado. A explicação era que ele estava sendo descartado para morrer. Como a mãe não tinha leite, a criança não tinha chance de sobreviver. Como os médicos deram leite em pó para o recém-nascido, ele sobreviveu. “Em uma semana, ela estava amamentando o bebê.”
Taxa de mortalidade infantil
A taxa de mortalidade infantil no Benin é acima de 50%. A maior parte morre de malária, doença que já foi controlada em vários países do mundo. Os centros de saúde também não têm leites especiais para recém-nascidos. Quando a mãe não tem leite para dar, muitos bebês que nascem são deixados em um canto, à espera da morte.
Como é o sistema de saúde no Benin?
“Não existe um sistema de saúde no Benin. Tudo precisa ser pago, e as pessoas dão preferência para comprar comida“, disse o cirurgião pediátrico Dr. José Lúcio Martins Machado, CMO da Inspirali. Ele também contou que atendeu pacientes que não comiam há quatro dias. “Nós presenciamos uma situação de vulnerabilidade extrema, o que foi muito triste”.
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