Se você gosta de estudar temas da área da saúde e almeja ser médico um dia, é importante que esteja atualizado sobre muitos conteúdos. Um deles é a sepse neonatal. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar dos dados de incidência e mortalidade serem limitados na maioria dos países da América Latina e do Caribe, sabe-se que a sepse constitui um grande desafio para a saúde materna e neonatal, fazendo ampliar as taxas de morbimortalidade, anualmente.
Estratégias mundiais até 2029
O assunto é tão importante que as duas entidades globais de saúde elaboraram uma estratégia e um plano de ação para reduzir a carga de sepse por meio de uma abordagem integrada, entre 2025 e 2029. O objetivo é abordar todo o espectro da sepse, desde prevenção até reconhecimento precoce, diagnóstico, tratamento efetivo e reabilitação. A ideia é fortalecer a resposta da saúde pública à sepse por meio de uma abordagem integrada, que inclui:
– Conscientização social;
– Envolvimento da comunidade;
– Melhorias no sistema de saúde;
– Fortalecimento da tomada de decisões baseadas em evidências.
Como prevenir a sepse neonatal?
Entre as ações de prevenção, estão:
– Controle de infecções;
– Imunizações;
– Iniciativas relacionadas à água, saneamento e higiene;
– Acesso a serviços de saúde de qualidade;
– Diagnóstico ágil;
– Manejo clínico efetivo da sepse.
O que as infecções neonatais podem causar?
Conforme as duas organizações, as infecções neonatais graves, como sepse, meningite e pneumonia, são uma importante causa de mortalidade neonatal (24% dos casos) e acarretam complicações de curto e longo prazo, como o parto prematuro e a encefalopatia neonatal, que consiste em uma uma síndrome definida clinicamente por disfunção neurológica no recém-nascido.
O baixo peso pode estar associado à sepse?
Sim! O menor peso ao nascer e menor idade gestacional estão associados a uma maior incidência de sepse. Assim, ocorre maior incidência de sepse neonatal de início precoce em lactentes com muito baixo peso ao nascer e em recém-nascidos prematuros.
Afinal, o que é a sepse neonatal?
OPAS e OMS esclarecem que a sepse é uma síndrome complexa, com grandes impactos clínicos, sociais e econômicos, mas existem informações úteis que podem ser usadas para reduzir sua carga e melhorar os desfechos clínicos. Definida como uma disfunção desencadeada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção, a sepse não se limita a causas bacterianas – ela pode decorrer de infecções de qualquer origem, sejam virais, fúngicas ou bacterianas.
Existem diferentes tipos de sepse neonatal?
Sim. O Ministério da Saúde (MS) explica que a sepse neonatal é definida como uma síndrome clínica que se manifesta com sinais de infecção e resposta inflamatória sistêmica nos primeiros 28 dias de vida. Sua etiologia pode ser bacteriana, viral ou fúngica.
Já a sepse neonatal precoce é uma infecção adquirida por via vertical, na qual um patógeno é transmitido da mãe para o recém-nascido por via ascendente ou transplacentária. Por sua vez, a sepse neonatal tardia é tipicamente adquirida horizontalmente através de patógenos provenientes do ambiente do neonato.
Quais são os sinais da sepse neonatal?
O Manual MSD, para Profissionais da Saúde, esclarece que os sinais da sepse neonatal são múltiplos e inespecíficos, podendo ocorrer:
– A diminuição da atividade espontânea (que indica o pleno desenvolvimento motor e sensorial da criança);
– Ausência de sucção vigorosa;
– Apneia;
– Bradicardia (um tipo de arritmia cardíaca caracterizada por ritmo cardíaco lento ou irregular);
– Instabilidade térmica;
– Desconforto respiratório;
– Vômitos;
– Diarreia;
– Distensão abdominal;
– Nervosismo;
– Convulsões;
– Icterícia (quando a pele e os olhos do bebê apresentam uma coloração amarelada).
Como pode ser feito o diagnóstico da sepse neonatal?
O diagnóstico baseia-se em fatores de risco maternos e neonatais, manifestações clínicas e exames laboratoriais. A presença de três ou mais sinais clínicos no recém-nascido ou, no mínimo, dois sinais associados a fatores de risco maternos autoriza o diagnóstico de sepse clínica ou síndrome séptica, justificando o início da antibioticoterapia sem o auxílio de exames laboratoriais.
Qual é a infecção que mais causa a sepse neonatal precoce?
A infecção pela bactéria estreptococo do grupo B (EGB) é responsável por aproximadamente 45% dos casos de sepse neonatal precoce confirmada por cultura entre os recém-nascidos. Por este motivo, atualmente, o MS recomenda a realização de cultura retal-vaginal para colonização por EGB no pré-natal de todas as gestantes.
Além disso, a profilaxia antibiótica intraparto é indicada para todas as mulheres com:
– Colonização por EGB identificada por cultura retal-vaginal;
– Bacteriúria (que corresponde a bactérias na urina) por EGB identificada em qualquer ponto durante a gravidez;
– Que tenham uma história de um bebê anterior com infecção por EGB;
– Em trabalho de parto prematuro e/ou com ruptura prematura de membranas ovulares com menos de 37 semanas de gestação.
Como é feito o tratamento inicial da sepse neonatal?
O tratamento antibiótico inicial da sepse neonatal precoce é o mesmo para todas as causas, até que os resultados das culturas estejam disponíveis. A terapia de primeira linha recomendada é Ampicilina associada a um Aminoglicosídeo para recém-nascidos de até 7 dias de idade. Nos pacientes com sepse está indicado o uso de fator estimulador humano de colônias de granulócitos.
Como o médico deve proceder em caso de suspeita de sepse, sepse grave ou choque séptico em pacientes pediátricos?
Segundo o Instituto Latino Americano de Sepse, após a identificação do paciente pediátrico com suspeita de sepse, sepse grave ou choque séptico, os seguintes passos devem ser cumpridos pelo médico:
1º) Registre o diagnóstico no prontuário ou na folha específica de triagem do protocolo institucional. Todo o sistema de coleta de dados está baseado no registro em prontuário. Lembre-se: o que não estiver documentado é considerado não realizado. Seu paciente deverá, a partir de agora, ser tratado com urgência médica;
2º) Realize um exame físico completo com atenção especial ao sistema cardiorespiratório, amplitude de pulsos, nível de consciência e diurese;
3º) Após a avaliação inicial, o profissional médico deverá classificar o paciente em uma das categorias abaixo (vide ficha de triagem):
- Sepse (ainda sem disfunção clínica, necessita coleta de exames para descartar disfunção orgânica laboratorial);
- Sepse grave ou choque séptico;
- Afastado sepse/sepse grave/choque séptico;
- Sepse/sepse grave/choque séptico em cuidados de fim de vida sem necessidade de seguimento do protocolo no momento;
4º) Nas crianças com suspeita de sepse sem disfunção orgânica, o médico deverá prescrever antimicrobianos e coletar o kit sepse (composto por exames que confirmem possíveis disfunções orgânicas, como gasometria e lactato arterial, hemograma completo, creatinina, bilirrubina, coagulograma, hemoculturas e culturas de sítios suspeitos), para avaliar a presença de disfunção orgânica. Esses pacientes merecem monitorização mais frequente ou contínua dos sinais vitais;
5º) Se o diagnóstico de sepse, sepse grave ou choque séptico for afastado, assim como naquelas crianças com sepse grave/choque séptico em cuidados de fim de vida, o protocolo deverá ser encerrado.
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