Professor de Medicina da Faseh comenta sobre a contaminação, a prevenção e o tratamento da salmonelose
Em junho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta e interditou os produtos “rins miúdos congelados de ovino” e “rins miúdos resfriados de bovino”, devido à contaminação por Salmonella. Mais recentemente, a órgão proibiu comercialização, distribuição e consumo de 30 lotes de sete marcas de balas, também por suspeita da presença da bactéria.
Marcelo de Oliveira infectologista e professor do curso de Medicina da Faseh explica que “a Salmonella não tifoide, micro-organismo da família Enterobacteriaceae, é uma das principais causas de doenças transmitidas por itens alimentícios aos seres humanos em escala global. Pode causar intoxicação e, em casos raros, provocar enfermidades mais sérias e até mesmo levar à morte”.
O docente aponta os principais sintomas da infecção pelo patógeno são:
- Diarreia
- Vômitos
- Febre
- Dor abdominal
- Mal-estar geral
- Cansaço
- Perda de apetite
- Calafrios
“A salmonelose pode provocar grave desidratação e, se não tratada adequadamente, pode levar o paciente à morte”.
Contaminação
De acordo com Marcelo, a Salmonella pode contaminar alimentos “por falhas na adoção de medidas de controle em todas as etapas, desde a produção agrícola até o processamento, a fabricação e o preparação tanto em estabelecimentos comerciais quanto nas residências”.
O docente enfatiza que a bactéria está dispersa no meio ambiente e é encontrada normalmente em animais como galinhas, porcos, répteis, anfíbios, vacas e até mesmo em animais domésticos, como cachorros e gatos. Segundo o especialista, a Salmonella pode ser ingerida por meio de produtos que venham desses animais ou que tenham entrado em contato com suas fezes. “Por exemplo, ao se comer carnes e ovos crus ou malpassados ou quando não se lava as mãos antes de cozinhar ou manipular as refeições. Também pode ser transmitida pelo contato com água infectada”.
Marcelo recomenda algumas condutas simples que podem evitar a proliferação do organismo:
- Lavar sempre as mãos, antes, durante e depois de manipular ou consumir alimentos
- Higienizar bem os produtos antes de consumir, especialmente frutas e verduras
- Ao comer dentro ou fora de casa, prefira sempre carne bem cozida ou assada e ovos bem cozidos
- Evitar lanchonetes e restaurantes que não ofereçam condições adequadas de preparo, higiene e conservação das refeições
Tratamento
O infectologista orienta que, de forma geral, o adoecimento causado pela bactéria não precisa de internação ou de outras intervenções ambulatoriais. “Nestes casos, o tratamento é feito em casa, por meio de repouso, ingestão de bastante água para manter hidratação e o controle dos sintomas. E, em condições mais agravadas, é necessário utilizar soro venoso para reidratação e fornecimento de eletrólitos perdidos pelo vômito e pela diarreia”.
O tratamento com antibióticos não é recomendado para casos leves ou moderados em indivíduos saudáveis, alerta o professor. “Esses medicamentos podem não eliminar completamente as bactérias e ainda selecionar cepas resistentes, tornando o recurso terapêutico ineficaz”. Já os grupos de risco, como bebês, idosos e pacientes imunocomprometidos podem precisar receber antibióticos. “Também devem ser administrados os fármacos se ocorrer disseminação do patógeno do intestino para outras partes do corpo”.