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Inteligência Artificial na Medicina: Benefícios e aplicações na prática 

02/07/2024
Inteligência Artificial na Medicina: Benefícios e aplicações na prática 

A Inteligência Artificial já é uma realidade na vida de todos. Desta forma, pode ser facilmente encontrada em smartphones, drones e em quase todos os serviços utilizados. Inclusive, nas aulas de Medicina com tecnologia de ponta, que se utilizam da realidade virtual, como a da MedRoom. Lá, está a Inteligência Artificial. E, assim, as possibilidades só aumentam.  

Como a Inteligência Artificial é vista globalmente

Qual é o espaço da Inteligência Artificial na área da saúde?

Na saúde, a IA vem ganhando cada vez mais espaço e investimentos nos últimos anos. E o melhor: cada real investido em tecnologia já está sendo revertido em economia para o setor. Desta forma, além de diminuir os custos, a IA encurta as distâncias e agiliza os atendimentos. Logo, proporciona a realização de consultas por telemedicina, assegurando o diagnóstico ainda mais preciso de inúmeras doenças. Além disso,  testa novas medicações, ampliando as pesquisas no segmento e até protagonizando cirurgias complexas com braços robóticos.  

A Inteligência Artificial pode nortear a transformação digital na saúde?

A Inteligência Artificial está entre os oito princípios orientadores para a transformação digital na área, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em suma, o dado integra uma publicação oficial da entidade, que visa contribuir para a cooperação mundial sobre o tema e as tecnologias emergentes. 

Quais são os critérios para a promoção da IA na área da saúde?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a OPAS recomendam que os países promovam a Inteligência Artificial na saúde com: 

  • Equidade; 
  • Marcos regulatórios; 
  • Alfabetização digital. 

Qual foi a importância da IA durante a pandemia?

Como exemplo positivo, as organizações globais destacaram a importância do uso de ferramentas da Inteligência Artificial para diagnosticar a COVID-19, por meio de imagens de tomografia computadorizada. Como resultado, através delas, foi possível acelerar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes, em vários países do mundo. 

Como a saúde digital pode ser transformadora? E qual foi o exemplo brasileiro?

A OPAS ressalta, ainda, que na Região das Américas a saúde digital provou ser uma força transformadora, melhorando significativamente a capacidade de fornecer serviços de saúde de qualidade a diversas populações. Nesse sentido, menciona o Brasil, que implantou serviços de telemedicina durante a pandemia, expandindo o acesso à saúde para mais de 70 milhões de brasileiros, especialmente moradores de áreas remotas. Com isso, também aliviou a carga sobre as instalações de saúde urbanas. 

Quais são os maiores desafios da IA na saúde?

Entre os desafios, a OPAS garante que a lacuna digital é um problema crítico, principalmente em relação às comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade, carecendo de infraestrutura e de alfabetização digital. Por este motivo, reforça a importância de estratégias de saúde digital específicas e adaptadas aos contextos, com uma abordagem coletiva que promova o compartilhamento de conhecimentos e contribua para o avanço das prioridades globais deste setor. 

A Organização Pan-Americana da Saúde também chama a atenção para questões que precisam ser superadas na abordagem de IA, como conjuntos de informações que não representam adequadamente a diversidade da população. Como uma das soluções propostas, a Organização está implementando a iniciativa “Data for Equity” (Dados para a Equidade), que visa coletar dados desagregados.   

O que é a Iniciativa Global em Saúde Digital da OMS? 

A Organização Mundial da Saúde também apresentou a “Iniciativa Global em Saúde Digital” (ou “Global Initiative on Digital Health” – GIDH), que visa apoiar a transformação digital liderada pelos países através de parcerias, convergência de recursos e infraestrutura pública digital robusta. No primeiro ano de implementação, se concentra em operacionalizar o engajamento dos países para aumentar a transparência das suas necessidades e prioridades, bem como ampliar a transparência dos recursos e configurar a estrutura para a operacionalização. 

A iniciativa é uma rede gerenciada pela OMS com organizações, instituições e agências técnicas governamentais ativamente engajadas no apoio à transformação digital da saúde nacional. Criada como um veículo para ajudar a acelerar a implementação da Estratégia Global para a Saúde Digital, estimula a colaboração e a troca de conhecimento.  

Quais são os objetivos da Iniciativa Global em Saúde Digital? 

Formalmente iniciada em 20 de fevereiro de 2024, pretende: 

– Avaliar e priorizar as necessidades dos países para uma saúde digital sustentável e transformadora; 

– Aumentar o alinhamento dos recursos recebidos; 

– Ampliar o alcance da “Estratégia global de saúde digital 2020-2025”; 

– Capacitar e convergir esforços para incentivar o desenvolvimento local, além de realizar a manutenção e adaptação das tecnologias digitais da saúde. 

De que forma o mundo pode aproveitar as tecnologias emergentes? 

Neste sentido, a OPAS e a OMS orientam que, sobretudo, os países pertencentes ao Grupo dos Vinte (G20) contribuam com o compartilhamento de experiências e com estratégias para que “o mundo possa estar mais bem preparado para aproveitar as tecnologias emergentes sem deixar ninguém para trás”. O alerta foi dado pelas instituições durante o encontro da 3ª Reunião do Grupo de Trabalho (GT) da Saúde do G20, que aconteceu no início de junho, em Salvador (BA). Na ocasião, os membros da OMS e da OPAS salientaram a rápida evolução das tecnologias para as prioridades de saúde mundial. 

O que é, mesmo, o G20? 

Vale lembrar que o Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação econômica internacional que se concentra em temas como saúde, comércio, desenvolvimento sustentável, agricultura, energia, meio ambiente e mudanças climáticas. O G20 é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia. 

A OMS apoia o uso da IA na saúde? 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a entidade apoia a adoção da Inteligência Artificial para o segmento, com base científica. O foco é garantir que os avanços da IA contribuam para a saúde global: 

  • De forma segura; 
  • Ética; 
  • Equitativa; 
  • Com governança; 
  • Com regulamentação. 

A OMS reconhece o imenso potencial da IA para revolucionar a saúde e está sempre empenhada a orientar sobre governança, padrões éticos e regulamentos para lidar com as oportunidades e desafios do setor, mitigar riscos, proteger o público e fomentar a confiança no uso da IA na saúde. Alguns destes tópicos estão no material disponibilizado no portal da Organização. 

Quais são os benefícios e riscos da AI na saúde, segundo a OMS? 

Em um vídeo explicativo divulgado pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a OMS também propôs diretrizes éticas para “Grandes Modelos Multimodais” na área, destacando, novamente, benefícios e riscos. Entre as recomendações necessárias para garantir uma saúde global transparente e ética, estão a criação e o desenvolvimento de: 

  • Padrões; 
  • Uma agência reguladora; 
  • Auditorias; 
  • Envolvimento colaborativo. 

A Inteligência Artificial e Mundo tecnológico 

Mas o que é a Inteligência Artificial? 

De acordo com a “National Aeronautics and Space Administration” (NASA), a Inteligência Artificial refere-se a sistemas computacionais que podem executar tarefas complexas normalmente feitas por raciocínio humano, como tomada de decisão e criação.  

A NASA explica que usa com segurança uma ampla variedade de ferramentas de Inteligência Artificial para beneficiar a humanidade e que a IA ajuda: 

– A apoiar missões e projetos de pesquisa; 

– Analisar dados para revelar tendências e padrões; 

– Desenvolver sistemas capazes de apoiar espaçonaves e aeronaves de forma autônoma. 

Todavia, a própria agência governamental norte-americana, que atua com o que há de mais moderno no planeta, afirma que não há uma definição única e simples sobre o tema, pois as ferramentas de IA são capazes de uma ampla gama de tarefas e soluções.  

Como definir o que é a IA? 

A NASA segue o que consta na Lei de Autorização de Defesa Nacional de 2019, que aborda o “Uso de Inteligência Artificial Confiável no Governo Federal”, elucidando que a IA seria: 

– Qualquer sistema artificial que execute tarefas em circunstâncias variadas e imprevisíveis sem supervisão humana significativa ou que possa aprender com a experiência e melhorar o desempenho quando exposto a conjuntos de dados; 

– Um sistema artificial desenvolvido em software de computador, hardware físico ou outro contexto que resolve tarefas que exigem percepção, cognição, planejamento, aprendizagem, comunicação ou ação física semelhantes às humanas;  

– Um sistema artificial projetado para pensar ou agir como um humano, incluindo arquiteturas cognitivas e redes neurais; 

– Um conjunto de técnicas, incluindo aprendizado de máquina que é projetado para aproximar uma tarefa cognitiva; 

– Um sistema artificial projetado para agir racionalmente, incluindo um agente de software inteligente ou robô incorporado que atinge metas usando percepção, planejamento, raciocínio, aprendizagem, comunicação, tomada de decisão e ação. 

Mercado em expansão 

 

A IA recebe investimentos para inovar o setor saúde? 

O Relatório do Índice de IA 2022 (ou “Artificial Intelligence Index Report 2022”), divulgado pela Fast Company Brasil e elaborado pela Universidade de Stanford, garante que o setor privado investiu US$ 11,3 bilhões em pesquisa e inovação com IA para medicina e saúde em 2021. O valor representa um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Nos últimos cinco anos, os recursos somaram US$ 28,9 bilhões, tornando a IA o setor com maior nível de investimento privado. 

Como o investimento em IA pode contribuir com a economia no mercado de saúde? 

Segundo matéria da Forbes Brasil, as projeções da Accenture, multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e terceirização, a Inteligência Artificial na médicina pode proporcionar uma economia de até US$ 150 bilhões ao ano, até 2026, apenas no mercado de saúde norte-americano. O montante é equivalente a 3% de todos os gastos com este segmento nos Estados Unidos. 

Em entrevista à mesma publicação, o presidente da J&J MedTech no Brasil, Fabrício Campolina, prevendo ganhos similares projetou para o Brasil uma economia anual de R$ 20 bilhões para a saúde nos próximos anos. Isto seria resultado de um aumento na produtividade obtida pela aplicação da IA no setor, com maior eficiência e redução de custos.  

Vantagens e desvantagens da Inteligência Artificial na médicina 

 

Quais são as principais vantagens de utilizar a Inteligência Artificial na médicina? 

Entre inúmeras possibilidades, a Inteligência Artificial na médicina contribui com: 

– Diagnóstico e detecção precoce: a IA pode analisar grandes volumes de dados médicos, como imagens de radiologia e exames laboratoriais, para identificar sinais de doenças em estágios iniciais que podem passar despercebidos por humanos. Algoritmos de aprendizado de máquina têm sido treinados para detectar câncer, doenças cardiovasculares, e outras condições com alta precisão; 

– Planejamento de tratamento personalizado: a IA pode ajudar a desenvolver planos de tratamento personalizados com base nas características individuais do paciente, como genética, histórico médico e resposta a tratamentos anteriores. Algoritmos podem prever como diferentes pacientes responderão a certos medicamentos ou terapias, permitindo tratamentos mais eficazes e menos efeitos colaterais; 

– Gestão de dados e registros médicos: sistemas de IA podem organizar e interpretar grandes quantidades de dados de saúde de forma eficiente, ajudando na gestão de registros médicos eletrônicos e facilitando o acesso a informações relevantes para os profissionais de saúde. Isso pode melhorar a coordenação do cuidado e reduzir a ocorrência de erros médicos; 

 – Assistência clínica: assistentes virtuais baseados em IA podem auxiliar médicos e enfermeiros, fornecendo informações em tempo real sobre diagnósticos, opções de tratamento e recomendações baseadas em evidências. Isso pode liberar tempo dos profissionais de saúde para se concentrar em interações mais humanas e diretas com os pacientes;  

– Pesquisa médica e descoberta de medicamentos: a IA acelera o processo de descoberta de novos medicamentos, analisando dados de ensaios clínicos, literatura científica e bancos de dados biomédicos para identificar novas oportunidades terapêuticas. Modelos de IA podem simular como diferentes compostos químicos irão interagir com alvos biológicos, otimizando a pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos;  

– Previsão e prevenção de epidemias: algoritmos de IA podem monitorar dados de saúde pública, mídias sociais e outras fontes para prever surtos de doenças e ajudar a prevenir a propagação de epidemias. Isso permite uma resposta rápida e eficaz das autoridades de saúde para proteger a população;  

– Apoio à decisão clínica: ferramentas de IA fornecem suporte na tomada de decisões clínicas, oferecendo recomendações baseadas em análises de dados e protocolos clínicos atualizados. Isso ajuda os médicos a tomar decisões mais informadas e baseadas em evidências.  

Quais são as maiores desvantagens da Inteligência Artificial na médicina? 

Embora a Inteligência Artificial traga muitos benefícios à medicina, também apresenta alguns desafios, entre eles: 

– Dependência da qualidade dos dados: a eficácia dos sistemas de IA depende da qualidade e quantidade de dados utilizados para treiná-los. Informações incompletas, truncadas ou de baixa qualidade podem levar a diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados;  

Privacidade e segurança: o uso de grandes volumes de dados de saúde levanta preocupações sobre privacidade e segurança. O risco de vazamento de dados e ataques cibernéticos pode comprometer informações sensíveis dos pacientes;  

– Desigualdade no acesso: a implementação de tecnologias de IA pode ser cara e complexa, o que pode ampliar as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde. Regiões e instituições com menos recursos podem não conseguir implementar essas tecnologias de forma eficaz;  

– Substituição do trabalho humano: a automação de certas tarefas médicas pode levar à substituição de alguns empregos na área de saúde, o que pode causar resistência por parte dos profissionais e preocupações sobre o impacto no emprego;  

– Falta de transparência e entendimento: muitos algoritmos de IA, especialmente os de aprendizado profundo, são considerados “caixas-pretas” porque suas decisões são difíceis de interpretar e explicar. A falta de transparência pode dificultar a confiança dos profissionais de saúde nas recomendações da IA; 

 – Erros e responsabilidade: erros cometidos por sistemas de IA podem ter consequências graves para a saúde dos pacientes. Determinar a responsabilidade por esses erros pode ser complexo, especialmente quando múltiplos sistemas e partes estão envolvidos;  

– Dependência excessiva: uma dependência excessiva de sistemas de IA pode levar à diminuição das habilidades clínicas dos profissionais de saúde, que podem se tornar excessivamente confiantes nas recomendações automatizadas e menos críticos em sua análise;  

– Problemas éticos: o uso de Inteligência Artificial na médicina levanta várias questões éticas, como a equidade no acesso aos benefícios da IA, o consentimento informado dos pacientes e o potencial uso indevido de dados para fins não médicos;  

– Regulamentação e padrões: a falta de regulamentação clara e padronização para o desenvolvimento e implementação de tecnologias de Inteligência Artificial na médicina pode levar a problemas de segurança e eficácia. Assim, é essencial estabelecer diretrizes rigorosas para garantir a qualidade e a segurança dos sistemas de IA; 

 – Integração com sistemas existentes: a integração de novas tecnologias de IA com sistemas de saúde existentes pode ser complexa e desafiadora, exigindo atualizações de infraestrutura e mudanças nos fluxos de trabalho. 

Inteligência Artificial no Brasil 

 

Em que fase está a tramitação no país? 

A Inteligência Artificial (IA) ainda está em fase de regulamentação no país. O tema consta no Projeto de Lei (PL) 2338/2023, que está em tramitação no Senado Federal. Em paralelo, o PL 266/2024 também tramita no Senado e prevê disciplinar o uso de sistemas de Inteligência Artificial (IA) na atuação de médicos, advogados e juízes. Desta maneira, o texto determina que os recursos tecnológicos sejam utilizados apenas como auxiliares na atuação dos profissionais. 

De acordo com a Agência Senado, na área da saúde, o projeto estabelece que o uso da IA pode ajudar o médico, preservando sua autonomia profissional. A proposta altera a lei do Ato Médico (Lei 12.842, de 2013) para determinar que a utilização desses sistemas sem supervisão médica constitui exercício ilegal da Medicina, cabendo ao Conselho Federal de Medicina regulamentar sua utilização. 

Conclusão 

Assim, é possível perceber que a Inteligência Artificial tem prós e contras. Defensores e críticos. Contudo, é inegável que a IA já é uma realidade percebida no cotidiano da população mundial. E não há como retroceder este cenário. No entanto, organizações internacionais recomendam que, para dar certo, este campo ainda necessita de equidade, marcos regulatórios e alfabetização digital. 

Por fim, a saúde global, tem recebido maiores investimentos na área da IA, o que vem gerando economia no setor. No entanto, para contribuir, efetivamente, com este segmento, a IA precisa agir de forma segura, ética, equitativa, com governança e regulamentação. E seguir padrões, com uma agência reguladora, auditorias e envolvimento colaborativo. Por fim, também é notório o quanto a IA colabora para agilizar o diagnóstico, o tratamento e a prevenção de doenças, na área médica. Entretanto, os recursos tecnológicos são apenas auxiliares e não devem, jamais, substituir a atuação de médicos profissionais. Especialmente, no Brasil.

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