Em um país com tantas desigualdades como o Brasil, a saúde pública enfrenta enormes desafios para garantir acesso universal e de qualidade à população. Nesse contexto, a Medicina de Família e Comunidade (MFC) surge como uma especialidade médica cada vez mais valorizada e essencial para fortalecer a atenção primária à saúde.
Para quem sonha em passar no disputado vestibular de Medicina e quer aliar a realização profissional a um propósito de transformação social, conhecer melhor a MFC pode ser um caminho inspirador. Afinal, o médico de família é aquele que acompanha seus pacientes ao longo da vida, entendendo o contexto familiar e comunitário em que estão inseridos.
Visão integral do indivíduo
Ao contrário de outras especialidades focadas em sistemas ou doenças específicas, a MFC possui uma visão integral do indivíduo, considerando aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais. Com uma abordagem continuada e centrada na pessoa, estima-se que cerca de 90% dos problemas de saúde possam ser resolvidos por esses profissionais na atenção básica.
Não à toa, o número de vagas de residência em MFC cresceu exponencialmente na última década. Segundo dados da Demografia Médica no Brasil de 2020, houve um aumento de 469,6% nas vagas de R1 entre 2010 e 2019, saltando de 181 para 1.031. Só no edital Enare 2023, um dos principais processos seletivos de residência médica do país, são 224 vagas distribuídas em 77 hospitais.
Especialidade no setor privado
Mas engana-se quem pensa que a MFC se restringe à atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Há diversas possibilidades de carreira também no setor privado, como em serviços ambulatoriais, operadoras de saúde, cuidados paliativos e na área acadêmica. A remuneração média de um médico de família no Brasil é de R$ 16.060 mensais, podendo variar conforme a região e o tipo de contratação.
Para além do retorno financeiro, o grande diferencial da MFC é a possibilidade de estabelecer vínculos duradouros e fazer a diferença na vida das pessoas e comunidades. Ao atuar na promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação, o médico de família contribui para melhorar os indicadores de saúde populacional e reduzir iniquidades.
Habilidades de comunicação e empatia
Claro que, para abraçar essa missão, é preciso ter um perfil diferenciado. Mais do que um excelente desempenho no vestibular de Medicina, o estudante precisa desenvolver habilidades de comunicação, empatia, trabalho em equipe e compromisso social. Afinal, mais do que tratar doenças, o médico de família cuida de pessoas em toda a sua complexidade.
Se esse chamado ressoa em você, vale a pena se aprofundar mais sobre a MFC. Procure conhecer as experiências de profissionais da área, busque informações nos sites de associações como a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e fique atento às oportunidades de estágio e vivência ainda durante a graduação.
Afinal, em um mundo cada vez mais tecnológico e fragmentado, a Medicina de Família e Comunidade nos reconecta com a essência do cuidar. E não há missão mais nobre e transformadora do que essa.