Inspirali convida médica nefrologista para responder as principais dúvidas sobre o tema
Doação de órgãos é um assunto bastante disseminado e muito sério, mas ainda existem muitos tabus em relação ao tema. Segundo dados do Ministério da Saúde, até maio deste ano o Brasil tinha mais de 72 mil pessoas na lista de transplante de órgãos, sendo o rim o mais aguardado, com cerca de 40 mil pessoas na fila.
Inspirada no Setembro Verde – Mês de Conscientização sobre Doação de Órgãos, a Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país, convidou a Dra. Rita Pedrosa, médica nefrologista e professora da Ages Jacobina, para esclarecer as dúvidas da população sobre o tema. Confira:
- Quem pode ser doador de órgãos?
R: Todas as pessoas são doadoras em potencial. Entretanto, antes da doação, são avaliadas as condições clínicas do potencial doador e realizados exames para evitar a transmissão de doenças para o receptor do órgão ou tecido. A doação de órgãos só acontece após a autorização escrita da família.
- A partir de qual idade a pessoa pode se tornar um doador?
R: A partir de 18 anos.
- Qual a idade limite?
R: Não existe uma idade limite para ser doador de órgãos. Depende muito das condições clínicas em que se encontra o possível doador. Temos doadores de córneas com 70, 75 anos em excelentes condições de saúde e temos possíveis doadores com 40 anos sem a menor condição clínica para a doação efetivar.
- O que é um transplante?
R: É uma cirurgia que substitui um órgão ou tecido doente por um órgão ou tecido sadio de um doador para um receptor.
- Quais órgãos ou tecidos podem ser doados?
R: Órgãos – rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas e intestino. Tecidos – pele, córneas, osso, valva cardíaca e medula óssea.
- Como se declarar doador?
R: Para se declarar doador, é preciso decidir sobre o desejo e avisar a família, pois serão eles que irão permitir e assinar a autorização.
- É necessário algum tipo de exame antes da doação?
R: Tanto na doação em vida como na doação com doador falecido, se faz necessária a realização de vários exames que ajudam a excluir doenças infecto contagiosas que podem ser transmitidas para o receptor e contra indicariam a doação. Em se tratando de doador falecido são realizados dois exames clínicos por dois médicos diferentes e um exame complementar que pode ser um EEG, ou um Doppler transcraniano para confirmar a morte encefálica.
- Quem pode receber órgãos?
R: Quem pode receber órgãos precisa obrigatoriamente estar inscrito na lista de transplantes que é gerenciada pelo Sistema Nacional de Transplantes que é um Órgão do Ministério da Saúde. Os pacientes que têm doenças que podem ser tratadas por meio de um Transplante devem ser avaliados por equipes credenciadas pelo Ministério da Saúde para realizar cada tipo de transplante. Após a avaliação, o paciente e incluído em lista de espera. A lista é um cadastro com critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde com normas iguais para todos os cidadãos.
- Como funciona a fila para recebimento?
R: A fila é controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes e pela central de Transplantes de cada estado, e supervisionada pelo Ministério Público.
- É possível escolher a pessoa para quem doar os órgãos?
R: Não é possível escolher para quem vai o órgão visto que existem vários critérios para selecionar a distribuição do mesmo. Em vida, pode se escolher doar por exemplo um rim para um parente como filho, pai, mãe, irmã. Parentes até segundo grau.
- Órgãos são doados apenas após o óbito?
R: Os órgãos podem ser doados após a Morte Encefálica ser confirmada por dois médicos e com um exame complementar e atestada por um médico devidamente capacitado.
- Quais órgãos podem ser doados em vida?
R: O rim, uma parte do pulmão e uma parte do fígado. A medula óssea pode ser doada em vida também.
- Quais os riscos para o doador?
R: O doador de órgãos em vida é minuciosamente estudado. São realizados inúmeros exames para que não exista a menor possibilidade de algum tipo de dano renal para o mesmo. Os riscos são de uma cirurgia normal.
- Como funciona a retirada e transporte de um órgão que será doado?
R: A retirada dos órgãos deverá ser realizada em um centro cirúrgico apto para cirurgias médio e grande porte, por profissionais capacitados, habilitados e credenciados pelo Sistema Nacional de Transplantes. Os órgãos são acondicionados em seus respectivos recipientes em solução específica para tal aguardando seu destino para o receptor. O rim é o órgão que pode permanecer em solução de preservação por mais tempo, de até 24 horas.
- Somente após o óbito é procurada a pessoa que receberá a doação?
R: Somente após ser confirmada e atestada a morte encefálica e que poderá ser avisado ao receptor.
- Qual é a probabilidade de o transplante não funcionar?
R: A rejeição pode ocorrer em qualquer momento do transplante desde a fase inicial até anos após, mas com as medicações imunossupressores atuais, o índice de rejeição diminuiu muito.
- Quando é indicado o transplante de órgão?
R: O Transplante é indicado quando o órgão é acometido por alguma patologia que o leva a perder a sua funcionabilidade. Neste momento o paciente deverá ser avaliado por um especialista na área que, após detectar a falência do órgão, deverá ser credenciado na Central de Transplantes, para inseri-lo na lista.
- Quais os riscos de um transplante?
R: Os riscos de um transplante são os riscos pertinentes de qualquer cirurgia de médio porte.
- Como funciona a compatibilidade?
R: A compatibilidade funciona quando é realizado o estudo da carga genética do potencial doador HLA e do provável receptor, onde se evidencia o grau de compatibilidade através exames de sangue que irão determinar qual o receptor tem a maior chance de o órgão ser compatível com menor risco de rejeição.
- Qual órgão tem a maior procura?
R: O rim é o órgão mais procurado, pois pacientes que aguardam por um órgão podem permanecer em diálise aguardando por um órgão.
- Qual é o órgão mais difícil de conseguir doação?
R: Dos órgãos normalmente captados, o pulmão é um órgão de maior complexidade apresentado e o coração também tem um certo grau de dificuldade.
- Qual o grau de complexidade de um transplante de órgão?
R: É de média a alta complexidade dependendo do transplante.