Brasil atinge metas da OMS para eliminar infecção pelo HIV como problema de saúde pública

11/12/2024
EvaldoStanislau

Dr Evaldo Stanislau, da Inspirali, explica sobre prevenção e tratamento

Dezembro vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Segundo dados do Ministério da Saúde, 92% das pessoas em tratamento no Brasil já atingiram estado de indetectável, ou seja, a pessoa não transmite mais o vírus e consegue manter a qualidade de vida sem manifestar o sintoma a AIDS. Outra boa notícia é que, nos últimos 10 anos, o país registrou uma queda de 25,5% na mortalidade por AIDS.

Segundo o infectologista Dr. Evaldo Stanislau, gerente de Pesquisa Acadêmica da Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país, o Brasil atingiu duas metas propostas pela Organização Mundial da Saúde para eliminar a infecção pelo HIV como um problema de saúde pública.

“Foi estabelecido pela OMS que um país deve ter 95% das pessoas infectadas diagnosticadas, 95% sob terapia e, das sob terapia, 95% com vírus não detectado no sangue, o que interrompe a transmissão por via sexual. Tivemos, então, uma grande conquista, com 96% das pessoas diagnosticadas sob terapia e 95% em supressão viral. Agora, precisamos melhorar o diagnostico, pois temos apenas 82% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas”, conta Stanislau.

Médico alerta para o diagnóstico

O médico alerta para o diagnóstico frisando que é um trabalho que passa pela oferta continuada de oportunidade para fazer o teste mas, principalmente, pelo diálogo, pois ainda existe muitos medos e mitos sobre a doença, que é hoje plenamente controlada e compatível com uma vida normal para quem se trata. “Precisamos combater o preconceito que ainda afasta mutas pessoas do diagnóstico e da terapia”, declara.

Tratamento

O mês marcado pela Conscientização sobre o tratamento precoce do HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis iniciou também com outra boa notícia em relação a tratamento da doença: O New England Journal of Medicine publicou recentemente a Fase 3 do estudo Purpose-2, em que se utilizou uma medicação injetável para prevenção da infecção pelo HIV, o Lenacapavir. Uma injeção por via subcutânea que deve ser aplicada a cada seis meses.

Pesquisa

Foram 61 locais de pesquisa que representassem uma população expressivamente vulnerável ao risco da infecção composta por homens cisgênero ou mulheres transgênero que tenham como ponto comum de risco a prática de sexo anal receptivo sem preservativo. Foram incluídos 3265 participantes distribuídos entre o uso da prevenção como o Lenacapavir ou a medicação oral tradicional (emtricitabina-tenofovir). A proteção conferida pelo Lenacapavir, além de superior, eliminou os contágios (0,10 infecções a cada 100 pessoas-ano). “Isso representa um feito extraordinário. O uso desta medicação pode representar o fim da transmissão sexual do vírus HIV. E isso merece uma celebração.”, complementa Stanislau.

Tratamento

Atualmente, o Brasil disponibiliza o tratamento para HIV e ISTs pelo SUS de forma muito simples. São comprimidos sem efeitos colaterais e com grande eficácia. Também existem formas de prevenção por meio de medicamentos. “Pessoas infectadas que tomam remédio direitinho para HIV podem ter sua carga viral indetectável, de forma controlada, e não transmitem mais o vírus por via sexual. Mas para pessoas que não tem o HIV, mas por alguma razão tenham sido expostas ao risco de estarem infectadas, existem medicações disponibilizadas pelo SUS. Temos a profilaxia pré-exposição, do Inglês, PrEP Prep, para quem se identifica com uma vulnerabilidade maior de uma infecção por HIV, para o caso de pessoas, por exemplo, que não tem um parceiro sexual fixo, tem múltiplos parceiros ou não usam preservativo. E existe a possibilidade de, após até 72 horas de uma exposição de risco, a prevenção pós exposição, ou PEP, também encontrada no posto de saúde, para ficar protegido”, orienta.

As notícias são muito boas, mas vem junto também a responsabilidade dos dois lados. Primeiro, da realização do teste e, segundo, de não levar para frente o vírus. “Ninguém deve ter medo de realizar o teste, que deve ser feito pelo menos uma vez ou periodicamente para pessoas sexualmente ativas com múltiplos parceiros. Caso esteja infectado, você começa um tratamento simples que irá preservar não só a sua saúde, mas também evitar de transmitir para outras pessoas. HIV ainda não se cura, mas tem prevenção e controle 100% efetivos”, finaliza.

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